“Receita de Ano Novo” e Janeiro Branco
13 de janeiro de 2021
“Receita de Ano Novo”
Para você ganhar belíssimo Ano Novo,
cor do arco-íris, ou da cor da sua paz, Ano Novo sem comparação com todo o tempo já vivido (mal vivido talvez ou sem sentido)
Para você ganhar um ano não apenas pintado de novo, remendado às carreiras, mas novo nas sementinhas do vir-a-ser; novo até no coração das coisas menos percebidas (a começar pelo seu interior) novo, espontâneo, que de tão perfeito nem se nota, mas com ele se come, se passeia, se ama, se compreende, se trabalha, você não precisa beber champanha ou qualquer outra birita, não precisa expedir nem receber mensagens (planta recebe mensagens? Passa telegramas?) Não precisa fazer lista de boas intenções para arquivá-las na gaveta.
Não precisa chorar arrependido pelas besteiras consumadas nem parvamente acreditar que por decreto de esperança a partir de janeiro as coisas mudem e seja tudo claridade, recompensa, justiça entre os homens e as nações, liberdade com cheiro e gosto de pão matinal, direitos respeitados, começando pelo direito augusto de viver.
Para ganhar um Ano Novo que mereça este nome, você, meu caro, tem de merecê-lo, tem de fazê-lo novo, eu sei que não é fácil, mas tente, experimente, consciente.
É dentro de você que o Ano Novo cochila e espera desde sempre.
(Carlos Drumont de Andrade)
O final do ano nos estimula e nos inspira a planejarmos o novo ano em busca de realização de antigos e novos sonhos e projetos. Mas vale a pena lembrar que esta conquista como o poeta aconselha em seu poema, a pessoa tem que lutar por ele, merecê-lo, fazer por onde despertar o Ano Novo que existe adormecido dentro de si.
Quantas vezes você pensou e planejou para o Ano Novo, cuidar mais de sua saúde?
Essa é justamente, a proposta do Janeiro Branco: uma campanha que busca mostrar às pessoas que elas podem se comprometer com a construção de uma vida mais feliz para si mesmas e por consequência para o outro.
Janeiro tem sua origem no latim – Januarius, em homenagem ao deus Jano (Figura central deste texto), considerado pelos romanos o “deus dos princípios”, o que “abria o ano” e ainda a sua representação artística mostra sempre as duas faces – uma virada para trás, outra virada para frente. A princípio era considerado como criador e deus dos deuses, depois passou a ser o deus das transições e das passagens. Seria a evolução do passado ao futuro, de uma visão a outra, de um universo a outro. Assim, janeiro nos remete ao início, as mudanças e a transições, motivando a criação neste mês da campanha Janeiro Branco, pelo psicólogo mineiro Leonardo Abrahão em 2014, para chamar a atenção para causas ligadas à Saúde Mental, chamar a atenção para o tema, disseminar conhecimento e desenvolver a compreensão acerca da depressão, ansiedade e fobias.
A saúde mental é muito mais que a ausência de doenças mentais. Pessoas mentalmente saudáveis compreendem que ninguém é perfeito, que todos possuem limites e que não se pode ser tudo para todos. Elas vivenciam diariamente uma série de emoções como alegria, amor, satisfação, tristeza, raiva e frustração. São capazes de enfrentar os desafios e as mudanças da vida cotidiana com equilíbrio e sabem procurar ajuda quando têm dificuldades em lidar com conflitos, perturbações, traumas ou transições importantes nos diferentes ciclos da vida.
Enfim, Saúde Mental se relaciona à forma como uma pessoa reage às exigências da vida e ao modo como harmoniza seus desejos, capacidades, ambições, ideias e emoções.
Pode-se dizer que ter Saúde Mental é: estar bem consigo mesmo e com os outros; aceitar as exigências da vida; saber lidar com as boas emoções e também com aquelas desagradáveis; reconhecer seus limites e buscar ajuda quando necessário;
Mas, também é preciso considerar os transtornos mentais que podem acometer qualquer pessoa, em qualquer fase de sua vida, tais como depressão e ansiedade.
A depressão é um distúrbio afetivo, com sintomas emocionais e físicos, onde a pessoa apresenta com frequência apatia, pessimismo e baixa autoestima, interferindo em sua rotina e nas habilidades do indivíduo para estudar, trabalhar, dormir, comer e desfrutar de atividades antes agradáveis.
A Organização Mundial da Saúde (OMS) estima que até 2030, a depressão será uma doença comum, acometendo mais pessoas do que qualquer outro problema de saúde. Dois fatores contribuem para esta previsão. O primeiro refere-se ao fato de que antigamente não era devidamente diagnosticada. O segundo refere-se a mudança no estilo de vida, ocorrida nas últimas décadas, que vem influenciando decisivamente o aumento da depressão. Acresce-se a isto, a pandemia que trouxe e está trazendo aumento significativo de doenças mentais. A falta de vínculos afetivos torna os indivíduos mais suscetíveis aos transtornos mentais, com menos tempo para usufruir do convívio com as pessoas das quais mais gostam, acrescido a outros problemas, tais como: desemprego, falecimento de pessoas próximas e mudanças repentinas, a busca incessante por sucesso, dinheiro, entre outros elementos, que geram alto nível de stress que por sua vez está diretamente relacionado ao quadro depressivo nas pessoas suscetíveis.
No caso da ansiedade, é preciso diferenciar a ansiedade normal da ansiedade patológica. Qualquer pessoa pode sofrer de angústia ou ansiedade por um certo período de tempo, em resposta a situações estressantes, tais como mudança de trabalho, ciclo de vida, doenças, medo de envelhecer, etc.. mas, para que a ansiedade se caracterize como patológica é preciso que os sintomas sejam persistentes ou recorrentes e provoquem prejuízos ao funcionamento pessoal ou tarefas diárias, em uma ou mais esferas da vida, tais como comunicação, sociabilidade, cuidado pessoal, lazer, trabalho, etc. Ou seja, a diferença está entre a intensidade, a frequência em que ela aparece e os impactos que causa na vida funcional da pessoa.
Na ansiedade patológica, a pessoa responde de forma inadequada a uma percepção ou estímulo, paralisando-a ou fazendo-a agir de forma “irracional”, trazendo dificuldades de adaptação as situações e ao ambiente. A pessoa pode sofrer distúrbios no sono, normalmente insônia, dificuldades para dormir, pensamento acelerado e recorrente sobre o futuro, normalmente pensamentos negativos sobre ele, sensação de vazio e angústia, fisicamente pode apresentar sudorese, palpitação, dores de cabeça, enjoo e distúrbios intestinais.
Então que tal planejar seu ano, com foco para manter sua saúde mental em dia?
• Mantenha sentimentos positivos consigo, com os outros e com a vida;
• Aceite-se e às outras pessoas com suas qualidades e limitações;
• Evite consumo de álcool, cigarro e medicamentos sem prescrição médica
• Não use drogas;
• Mantenha vínculos importantes em sua vida;
• Reserve tempo em sua vida para o lazer, dentro do que é possível, reserve tempo para os amigos e família;
• Mantenha bons hábitos alimentares, durma bem e pratique atividades físicas regularmente;
• Busque sua missão;
• Se conecte com sua espiritualidade.
E, se precisar busque ajuda profissional.
Feliz Ano!