A quarta onda da Covid-19 e a Saúde Mental
3 de dezembro de 2020
Especialistas apontam para mais um impacto da pandemia: a quarta onda que está relacionada à saúde mental e que pode causar efeitos individuais e coletivos a curto, médio e longo prazos.
Segundo eles, esta onda não começou agora, mas para efeito de entendimento das especificidades de cada etapa, eles descrevem o foco de cada uma:
1ª. Onda – Mortalidade pela covid-19
2ª. Onda – Impacto da restrição de recursos para outros pacientes
3ª. Onda – Impacto da interrupção dos cuidados com os pacientes crônicos
4ª. Onda – Onda das Doenças Mentais, desde Março
Júlio Dutra, médico psiquiatra, Presidente da Associação Paranaense de Psiquiatria-APPSIQ, afirma “Sabíamos que as doenças emocionais tanto durante a pandemia quanto pós seriam avassaladoras”
Embora não existam dados epidemiológicos precisos sobre as implicações psiquiátricas relacionadas à Covid-19 ou seu impacto na saúde pública, especialistas e dados obtidos até agora indicam um aumento substancial na procura por atendimentos psiquiátricos e psicológicos.
Em uma pandemia, implicações psicológicas e psiquiátricas relacionadas ao fenômeno, tendem a ser subestimadas e negligenciadas, o que gera lacunas de enfrentamento e aumenta a carga de doenças associadas”, comenta Dutra.
Fatores tais como: insegurança econômica; informações duvidosas e falsas; restrições sociais, isolamento dentro de casa, ansiedade, medo, insegurança, incerteza sobre possível infecção e morte ou sobre a infecção de familiares e amigos pode potencializar estados mentais já comprometidos, levando a quadros de depressão, transtornos de humor e ansiedade (incluindo ataques de pânico e estresse pós-traumático); e sintomas psicóticos ou paranóicos, que podem, inclusive, levar ao suicídio.
“Em uma pandemia, o medo aumenta os níveis de ansiedade e estresse em indivíduos saudáveis e intensifica os sintomas daqueles com predisposição a desenvolver desordens psiquiátricas existentes”, afirma o médico.
Além destes fatores, pode-se observar que as crianças, estão mais expostas a possíveis abusadores, que na maioria das vezes fazem parte da própria família; assim como os idosos, que se tornam mais vítimas de assediadores e exploradores; e as mulheres, que ficam mais vulneráveis à violência doméstica.
Tudo isto gera sofrimento mental.
Os estudos também demostram que, durante as epidemias, o número de pessoas cuja saúde mental é afetada tende a ser maior e mais longa do que as pessoas atingidas pela infecção propriamente dita.
No Japão, pesquisa recente, revela que houve mais mortes por suicídio no mês de Out./2020, do que mortes por covid-19, de Fev. a Out. , atribuindo este grande número, aos efeitos da pandemia.
O papel dos psicólogos neste momento é fundamental para diminuir o sofrimento trazido pela pandemia, para tanto é muito importante que este profissional se cuide, esteja muito atento a sua saúde mental, pois ele também faz parte do que está ocorrendo e sofre seus impactos, pesquise o tema, se informe, participe de grupos multiprofissionais, para poder orientar e desmistificar mitos e medos gerados, fortalecendo a pessoa, para que ela lide de forma mais saudável consigo, com a família e amigos, frente a pandemia.
Para a pessoa de forma geral, a recomendação é procurar ajuda profissional ao primeiro sintoma percebido de medo, ansiedade, alteração de comportamento, de humor, de alimentação, de sono, etc.. para que de imediato comece a lidar com estas questões. Lembrando que a saúde mental nos ajuda na imunidade física também.
Mais informações poderão ser obtidas em: