Conhecendo algumas técnicas de manipulação – Tendência do ser humano ao conformismo estudada por Asch
22 de março de 2022
As técnicas de manipulação psicológica tornaram-se objeto, há muitas décadas, de aprofundados trabalhos de pesquisa realizados por psicólogos e psicólogos sociais, tanto militares quanto civis. Às vezes é difícil, e psicologicamente desconfortável, admitir sua eficácia.
Tais técnicas apoiam-se essencialmente sobre o behaviorismo e a psicologia do engajamento. No texto anterior eu abordei o experimento de Milgran.
Dentre as técnicas de manipulação psicológica se destaca a experiência do conformismo, de Solomon Asch, que realizou em 1951, uma série de experimentos de conformidade.
O conformismo define o comportamento de um indivíduo ou de um subgrupo que pode ser determinado pela regra de um grupo.
A pressão à conformidade supõe a existência de uma maioria e de uma minoria, onde a maioria é ligada a regra do grupo e toda a interação social visará a imposição de seus pontos de vista à minoria.
Através de um sistema de sanções ou de valorizações, os indivíduos pertencentes ao subgrupo minoritário são levados a aceitar as regras da maioria.
As situações de conformismo social são encontradas sempre que o isolamento e a confrontação com novas normas provocam ansiedade.
Isolado de seus quadros de referência, o indivíduo acaba adotando os quadros de referência do grupo majoritário.
Desta forma, motivado para pesquisar, até que ponto as forças sociais alteram a opinião das pessoas e qual aspecto da influência do grupo é mais importante — o tamanho da maioria ou da unanimidade de opinião, Asch, conduziu o experimento com 123 participantes do sexo masculino que foram informados de que seriam parte de um experimento em julgamento visual.
Participantes:
• 1 Sujeito a ser pesquisado, em cada grupo
• 5 a 7 pessoas por grupo, que conheciam os objetivos do experimento, foram apresentados como participantes ao sujeito, embora fossem colaboradores do pesquisador.
• Pesquisador
Experimento
Cada sujeito foi colocado em um grupo com 5 a 7 pessoas que conheciam os verdadeiros objetivos do experimento, mas foram apresentados como participantes ao ingênuo e verdadeiro participante “real”, pesquisado.
Ao grupo foi mostrado um cartão com uma linha, seguido por outro cartão com três linhas nos rótulos a, b, e c.
Os participantes foram convidados a dizer qual linha correspondia ao comprimento da linha no primeiro cartão.
Cada questão de linha foi chamada de “julgamento”.
O participante “real” respondia por último ou penúltimo.
Resultados:
Nos dois primeiros ensaios realizados, o sujeito se sentia à vontade no experimento, pois ele e os outros “participantes” davam a resposta correta.
No entanto, após o quarto julgamento, todos os participantes respondiam com a resposta claramente errada, de modo que em 12 julgamentos todos deram a resposta errada.
Os 12 julgamentos em que os participantes responderam incorretamente foram chamados de “julgamentos críticos”.
O participante pesquisado poderia ignorar a maioria e seguir com seus próprios sentidos ou poderia ir junto com a maioria e ignorar o fato claramente óbvio.
O objetivo era ver se o participante pesquisado mudaria sua resposta e responderia da mesma maneira que os demais ou se seguiria o que seus olhos lhe diziam claramente
Conclusões
Aproximadamente três quartos dos indivíduos realmente avaliados deixam-se influenciar nos ensaios válidos, dando uma ou várias respostas errôneas. Assim, 32% das respostas dadas são errôneas.
Os indivíduos conformistas, que foram interrogados após a experiência, depositaram sua confiança na maioria, decidindo-se pelo parecer desta, apesar da evidência perceptiva. Sua motivação principal estava na falta de confiança em si e em seu próprio julgamento.
Outros conformaram-se à opinião do grupo para não parecer inferiores ou diferentes, não tendo consciência de seu comportamento. Assim, a percepção de uma pequena minoria de sujeitos avaliados foi modificada: — “seus membros enxergaram as linhas tais como a maioria as descreveu”, de forma errada.
Observa-se que o indivíduo não sofria qualquer sanção caso errasse ao responder, da mesma forma que, na experiência de Milgram, ninguém se iria opor a quem desejasse abortar a experiência.
Se um dos colaboradores desse a resposta correta, o indivíduo pesquisado se sentia livre da pressão psicológica do grupo e dava, igualmente, a resposta correta, resultado que ilustra bem o papel dos grupos minoritários.
A realidade social, contudo, é para estes bem menos favorável, uma vez que as pressões ou sanções são aí muito mais intensas
Reflexão:
O que podemos refletir sobre este experimento?
• Até que ponto confiamos em nossa percepção?
• Até que ponto temos auto confiança e auto estima para afirmar o que consideramos correto?
• Até que ponto cedemos por medo da maioria?
Estas reflexões nos ajudam no auto conhecimento e na busca interna de nossas verdades.