Conversando sobre timidez
17 de novembro de 2020
Eu sempre fugi
Do que eu temi
Mas eu não sei bem o porquê
Eu nunca questiono se é certo ou não
E nem faço nada que chame atenção
Não me rebelei
Eu nunca gritei
E eu não entendo o porquê
E foi tanto tempo perdido
Hoje eu consigo ver
Que eu guardo aqui dentro o medo de viver
Musica Medo de Viver – Filme Mudança de Hábito
Em grau moderado, todos nós em algum momento de nossa vida, podemos ser afetados pela timidez. Ela não é uma doença, podendo estar relacionada ao próprio perfil da pessoa, de ser mais reservada e introspectiva.
Ela se torna um problema, quando gera ansiedade elevada, desconforto e inibição em situações de interação social, inclusive com sintomas físicos, quando impede a pessoa de realizar alguma ação ou de conquistar seus objetivos, por exemplo sair à noite com os amigos e profissionais, apresentar um trabalho em público, ou quando há intenso sofrimento da pessoa diante de uma situação que exige uma maior exposição.
Normalmente, a pessoa tímida tem medo do novo ou do acaso, baixa autoestima, com uma avaliação negativa de si mesma, apresenta dificuldade para expressar seus pensamentos e sentimentos e não interage ativamente nas relações familiares, sociais e de trabalho, pois fica centrada em si mesma, o que gera ansiedade e, por conseguinte dificuldade de entrar nos diálogos.
Os sintomas físicos podem ser: Suor em demasia, mãos trêmulas, frases desconexas, vermelhidão na face, indigestão, palpitação.
A timidez pode ser causada pela genética, por pais/família problemáticos, traumas de infância, grandes decepções, superproteção ou cobrança excessiva da família. Desta forma, a timidez resulta de um processo, à exceção quando sua causa foi gerada pela genética.
A família, a escola e os grupos sociais, os quais a criança/adolescente pertence, exercem grande influência na sua formação e desenvolvimento. Uma educação extremamente rígida, por exemplo, impede a expressão de pensamentos e sentimentos e com isso a criança ou adolescente pode desenvolver timidez, por não saber lidar com este cenário e suas emoções e também por não receber estímulos que lhe ajudem a descobrir seus potenciais, competências, etc. e a desenvolver uma percepção pessoal de ser capaz de ser amado, estimado e respeitado pelos outros.
Ressentimento, insegurança, ameaça, rejeição, humilhação e posição de desigualdade em relação aos outros também tem forte impacto no desenvolvimento infantil e do adolescente.
A timidez, se em grau elevado e não tratada, pode evoluir para um quadro de fobia social, em função da pessoa sentir vergonha de seu comportamento, levando-a ao isolamento social e se privando de sua rotina.
Desta forma, se o comportamento gera ansiedade elevada e desconforto frente a uma situação de exposição, é recomendado procurar ajuda de um profissional, que poderá indicar o tratamento adequado.
Mas é possível superar a timidez? O que fazer?
O primeiro passo é aceitar a timidez e que você tem dificuldades de se relacionar e interagir com outras pessoas, ao invés de esconder de si mesmo suas dificuldades e passar a vida inteira tentando se convencer de que está tudo normal, ou atribuindo fatores positivos na timidez considerando este problema como um estilo de vida.
Para resolver qualquer problema é preciso ter consciência de que ele existe.
Se você ainda tem dúvidas se é tímido ou não, comece a pensar nas suas atitudes em variadas situações como falar em público, conversar com pessoas desconhecidas, tentativa de fazer amigos e se relacionar com mulheres, perceba como você se comportou nestas ocasiões.
Tomada a consciência do problema o próximo passo é desenvolver a autoestima: Não se compare com outras pessoas e nem as coloque em um pedestal como se elas fossem super humanas e você fosse um ninguém; se cuide fisicamente, se arrume, sinta-se bem com seu corpo, em termos de saúde e estética; identifique o que lhe deixa feliz e foque nisso; se afaste de coisas que lhe deixem para baixo (musica, pessoas, etc..), foque no positivo e no que lhe dá prazer e bem estar; se arrisque, se exponha, não se esconda, faça as pessoas te verem, mas, seja gentil com você, vá no seu tempo; liste suas qualidades, escrevendo em um papel 5 coisas que você faz muito bem, valorize suas qualidades; mude seu estilo de vida, tente falar com desconhecidos, sair sozinho, ir a feiras e eventos e aos poucos tente se expor, faça coisas diferentes, pratique esportes, dance, cante, etc.. teste seus limites, saia de seu mundo e amplie o seu viver; não tente agradar a todos, não há problema em ser diferente; pratique exercícios de respiração para aliviar a tensão e ansiedade, procure ajuda profissional, pratique yoga ou procure tratamentos complementares.