Dependência Tecnológica: O que é, como diagnosticar e o que fazer!

Dependência Tecnológica: O que é, como diagnosticar e o que fazer!

24 de agosto de 2020

Continuando com o tema da tecnologia, esta semana trago para reflexão a questão da dependência tecnológica: Quando os meios tecnológicos se tornam problemas para as pessoas? O que fazer, caso se constate que há problemas?

A tecnologia veio para nos ajudar, nos deixar mais tempo livre, nos facilitar a rotina diária de trabalho e de estudo, democratizar a informação, entre outros aspectos.

Mas será que não se está extrapolando o seu uso? Conflitos são discutidos pelo WhatsApp, encontra-se e descarta-se pessoas na rede pessoal, busca-se parceiros em aplicativos, namora-se virtualmente, torna-se a vida pessoal, pública, enfim, passa-se horas no mundo virtual.

Até que ponto esta exposição e envolvimento com o mundo virtual é saudável?

Pode-se afirmar que o uso da tecnologia, que inclui internet, redes sociais, jogos e uso de celulares é saudável quando seu uso é consciente, ou seja o virtual não atrapalha o dia-a-dia da pessoa.

Quando, porém, as atividades online, desvinculada de um objetivo profissional ou acadêmico, se tornam prioridades na vida da pessoa, seu uso começa a se tornar abusivo, caminhando para a dependência. Quando se perde o controle e as atividades virtuais começam a impactar a vida real e sua rotina, pode-se ter danos físicos, comportamentais e mentais.

Em termos físicos, a dependência tecnológica, que pode ser comparada com vício a drogas e álcool, pode causar alterações cerebrais, com riscos de demência precoce, perda de memória e perda de estatura, por poucas horas de sono, devido ao uso das tecnologias, o que prejudica os hormônios de crescimento, dor na coluna, problemas de visão.

No campo comportamental e mental, a dependência causa isolamento social e comportamentos antissociais, gera ansiedade, depressão e Transtorno do Controle de Impulsos e imediatismo, caracterizado pela incapacidade de resistir a impulsos. O anonimato e a comunicação não individualizada que ocorre no mundo virtual leva as pessoas a interagirem de forma cruel e mesquinha e as redes sociais, por gerarem falsas interações e realidades paralelas, levam a pessoa a comparar o virtual com o real, gerando frustrações, ansiedades e depressão. Todos estes aspectos geram grande sofrimento para a pessoa, impactando em sua saúde mental e levando a pessoa a entrar num círculo vicioso, onde ela acessa ainda mais a tecnologia, para gerar prazer, que é uma das sensações despertada nos usuários e por isto a dependência.

O fato de falar de si, com algumas pessoas, gera um prazer equivalente a se alimentar, ganhar dinheiro ou fazer sexo e na rede o feedback é praticamente imediato, o que alimenta o prazer, por gerar a recompensa, por meio da liberação de dopamina, além de endorfina, ocitocina e serotonina, hormônios ligados ao prazer.

Mas esse prazer é temporário, pois ao se transformar na fonte principal de prazer, a pessoa passa a viver o virtual, deixando de aproveitar o momento, transferindo sua autoestima, para a quantidade de curtidas em sua rede social, adiando planos e projetos, deixando de fazer sua rotina, se afastando das pessoas do mundo real.

Em níveis mais graves, pode ocorrer o “Phantom ringing”, uma nova definição para pessoas que ouvem o celular tocar a todo instante, mesmo sem isso ter ocorrido de fato e a “nomofobia”, que é o medo de ficar sem smartphone.

O que fazer em caso de dependência?

Em primeiro lugar é preciso se tornar consciente do problema da dependência. Registre quanto tempo você utiliza a rede, o que você adia em função deste uso, registre possíveis impactos em sua rotina, identifique como você se sente em determinadas situações virtuais.

Use a própria tecnologia para combater a dependência, desinstale jogos e outros aplicativos, desligue notificações, instale aplicativos de controle e de autoajuda, que possa ajudá-la a sair do automático e se manter no presente.

Trace objetivos, defina tarefas diárias que você tenha obrigação de fazer e aquelas que você gostaria de fazer e retire tudo que esteja atrapalhando estes objetivos e/ou tarefas.

Pratique atividades físicas.

Busque ficar mais próximo da natureza.

Reforce seus contatos familiares e sociais, mesmo que a distância, em função da quarentena.

E, se precisar, procure ajuda profissional.

Aos pais, monitorem o uso da tecnologia, fiquem atentos a mudanças de comportamentos e hábitos de seu filho, distúrbios de alimentação e de sono, relacionamento com familiares e amigos, rendimento escolar, entre outros aspectos e principalmente conversem com seus filhos sobre os problemas causados pela dependência e inclua nas atividades semanais passeios junto a natureza.

Pense nisso e mãos-à-obra!