O Mundo e os Relacionamentos estão se transformando. E Você onde está?
26 de abril de 2022
Da Dependência à Interdependência. Um mundo em evolução!
“A mudança de paradigma pessoal é como a travessia do oceano para o Novo Mundo!” Marilyn Ferguson
O mundo vem mudando desde que é mundo! Muda porque é vivo, porque pulsa e como tal deve se recriar e evoluir. Ao mencionar a palavra mundo me refiro a tudo o que existe nele. Seres vivos (plantas, animais), todos os sistemas abertos (família, escola, organização, igrejas etc..), materiais formados de matérias inorgânicas (minerais, lixo, etc..) e naturalmente o Ser Humano.
A evolução é complexa e se dá pelas diversas dimensões do homem física, social, emocional, intelectual e espiritual. Espiritual aqui mencionado, como sentido de Unidade, de tudo que é capaz de produzir mudança de pensamento, atitudes e conceitos, que colocam o homem em um novo rumo e oferece um novo sentido para sua vida.
Ninguém evolui sozinho, pois somos seres sociais e precisamos de outros. Ao nascermos, somos totalmente dependentes dos outros, somos dependentes de nossas mães, pais, ou cuidadores e familiares, mais tarde somos dependentes de professores e somente muito mais tarde aprendemos a criar outros laços e ao evoluirmos, nas dimensões citadas tornamo-nos cada vez mais independentes e ao evoluirmos mais, podemos perceber que a natureza das coisas não é independente, mas sim interdependente. Este é o ciclo da evolução e da maturidade.
Assim iniciamos nossa trajetória de vida na família nuclear e com a evolução e maturidade chegamos até o grupo planetário.
Mas, nem sempre é esta trajetória que fazemos. Podemos evoluir fisicamente e intelectualmente, mas ainda assim, não evoluirmos emocionalmente e espiritualmente.
Não é fácil passar de um estado de maturidade e de comportamento de dependência para outro.
Cada empresa, cada sociedade cada pessoa, cada relacionamento pode se encontrar em um dos estados de maturidade, que citarei a seguir.
Entendendo maturidade como um continuum de evolução, temos a dependência, onde independente da idade da pessoa, ela vive sob o paradigma do Outro. Ou seja, toda a responsabilidade da vida dela é depositada no Outro. O outro tem de tomar conta dela; o outro é culpado por algo que lhe aconteceu, etc.. É a pessoa vítima do outro e da situação. Isto pode ocorrer também nas organizações ou em determinadas áreas da empresa em que os resultados são percebidos como sendo responsabilidade do Outro, de outra área, de outra empresa, da equipe, do líder, etc..
Este paradigma norteou as relações entre sociedade e mundo durante milhares de ano, em que o homem era vítima dos Deuses, da natureza e de seus eventos climáticos.
As pessoas dependentes precisam de outros para alcançar seus objetivos. Muitas vezes, a dependência é tão sutil que não se percebe que você se encontra neste estágio. Exemplo são as pessoas altamente consumistas, que acabam tendo sua identidade definida pelos produtos que compra (dependência de identidade), ou então são altamente dependentes de elogios e validação para se sentirem bem (dependência de auto estima), ou então precisam estabelecer relações em que o outro assume a culpa (dependência de auto responsabilização).
Quando somos dependentes, estamos, literalmente, em risco, pois colocamos nossa segurança, nossa felicidade, nosso bem-estar, a nossa vida nas mãos de outra pessoa ou de situações externas a nós.
No entanto, evoluímos, e ao chegar na Era Industrial, o paradigma instalado foi aos poucos se transformando de dependência para independência. Aqui, empresas, sociedades e homens se empoderaram de tal forma que subjugaram todos os sistemas vivos e inorgânicos, extraindo, extinguindo e modificando a natureza, sob a égide do Capital, do Consumismo e do poder.
A sociedade passou então para o estágio da independência, cujo paradigma do Outro passou para o Eu. O mesmo acontecendo com os homens e grupamentos humanos. Frases e pensamentos como: Eu consigo fazer; Eu tenho certeza; Eu sou responsável, Eu sou autoconfiante; Eu sou capaz de escolher; Eu posso; são representantes deste paradigma.
A pessoa sob o paradigma da independência não sente que precisa comparar seus pensamentos com o de outras pessoas, pois se considera certa e intelectualmente evoluída. Da mesma forma, emocionalmente, também não se importa tanto com a impressão que causa aos outros, pois possui seu próprio conjunto de valores que sustentam seus ideais. É o indivíduo que consegue ir atrás do que quer sozinho sem depender de ninguém. É a empresa com suas metas competitivas.
O paradigma da independência também trouxe um risco a sociedade, pois nele há uma visão egoísta e egocêntrica de liberdade. Ser independente e livre não significa poder fazer o que quiser. É preciso contrabalancear liberdade e responsabilidade. Vimos isto nas consequências que este paradigma trouxe na natureza.
Porém, a independência, comparada à dependência, é um progresso, pois concede ao homem e a sociedade o poder que antes estava somente na natureza ou na religião. Os riscos se reduzem, nos tornamos mais autônomos. Já não nos sentimos na mão do outro e sentimos que somos capazes de nos proteger e nos adaptar às novas exigências, necessidades e oportunidades que surgem. Porém este nível não deve ser considerado o mais supremo objetivo.
Há um terceiro e importante nível de maturidade que é a interdependência, onde o paradigma passa a ser o Nós. Pensamentos e frases do tipo: Nós podemos fazer isso; Nós podemos cooperar; Nós podemos unir nossos talentos e habilidades para juntos criar algo maior. São representantes deste paradigma. Empresas colaborativas e em rede, são exemplos.
O interdependente é o indivíduo maduro, que não apenas não depende de outros para conseguir o que deseja mas que além disso sabe aproveitar ao máximo o valor que a colaboração pode trazer, alcançando resultados ainda maiores. É aquele que, apesar de não precisar de validação externa gosta de ouvir a opinião de outros para se aprimorar.
O interdependente emocionalmente é aquele que tem grande amor próprio e autoestima elevada e sabe dar e apreciar os outros e receber críticas a sua pessoa, sem ferir sua auto imagem.
A pessoa com este paradigma percebe e vive a vida como uma troca, um ser único, onde cada um completa e fortalece o todo. Ensina, aprende, compartilha e transforma junto com o outro, num movimento sinergético.
Este paradigma não exclui o outro, pelo contrário é um movimento de inclusão do outro, em benefício do nós,
Compartilhar com alguém de sua própria vida significa estabelecer uma interdependência que não fere a individualidade quem você é.
Compartilhar significa poder contar com o outro em nossas vidas, participando e desfrutando de toda interdependência e alegria de estar juntos e inteiros.
Mas, como mudar os paradigmas?
Um trabalho de autoconhecimento e fortalecimento da identidade é essencial para a mudança.
O primeiro passo é identificar em qual estágio você se encontra.
Identificado, é importante avaliar o que você ganha e o que você perde, não só em termos materiais, mas especialmente em termos emocionais e intelectuais.
Identifique também em que estágio seu grupo familiar, de amigos de colegas de trabalho e até mesmo o seu local de trabalho, em qual estágio se encontra. Muitas vezes é preciso identificar as influências que sofremos, e se puder trocar ótimo.
Então mãos à obra. Qual o seu paradigma? Em que estágio de maturidade você se encontra? Você se sente confortável com este paradigma? Seu grupo de amigos e familiares qual estágio em que estão? Pense nas recompensar que terá adotando um novo paradigma.
Bom trabalho.