Pandemia e Medo
20 de julho de 2020
“Esse momento histórico é ímpar. Outras pandemias já existiram, mas nenhuma com essa característica de globalização, de compartilhamento de informações instantâneas e de como as pessoas mantém seus relacionamentos sociais atualmente. É também um período extremamente delicado, estamos vivendo num momento de vulnerabilidade das nossas emoções.” Maila de Castro – Professora do Departamento de Saúde Mental da Fac. De Medicina da UFMG
O medo por si só não é uma emoção patológica, mas é um instinto importante que nos avisa e nos prepara para situações de ameaça. É um sentimento pessoal de insegurança que o homem tem em relação a uma pessoa, uma situação ou um objeto e que difere de uma pessoa para outra. Para entender o medo temos que entender a maneira e o motivo que leva uma pessoa a perceber a situação como ameaçadora a ela, pois nem sempre a situação, a pessoa ou o objeto é de fato ameaçador, mas depende da emoção gerada na pessoa, em função de como ela percebe a situação.
Um bom começo para entender o medo, é perceber que todos os medos surgem da preocupação a respeito do que poderá acontecer em consequência da situação – futuro, e não a situação em si mesma – presente.
Ao sentir medo, nosso corpo nos prepara para “lutar ou fugir da situação ameaçadora”, gerando mais adrenalina e a pessoa então pode sentir tremores e enjoos, dores agudas nos braços, pernas e ombros, boca seca, suores e um bombardeio de informações que o cérebro não consegue filtrar. Tudo isso pode acontecer em relação a algo que não seja uma ameaça física de fato, mas sim em relação à uma ameaça emocional, ou seja como a pessoa percebe a situação ou então que associações a pessoa fez para perceber a situação como ameaça.
Se por um lado, temos o medo, de outro temos também o desejo de mudar. Se o medo for maior do que o desejo de mudar, ou então a pessoa se sente impotente diante da situação, então, a pessoa paralisa, não enfrenta seus medos e não luta pelos seus desejos. Este é um dos aspetos negativos do medo.
Pode-se dizer que as decisões conscientes são responsáveis por apenas 20% dos comportamentos, enquanto os outros 80% são formados por sentimentos e motivações inconscientes, que muitas vezes nem percebemos que possuímos.
Tendo o medo aspectos positivos e negativos. Estudiosos dividiram o medo em seis graus, dependendo de sua extensão e do estado de paralisação gerado na pessoa. São eles:
Os três primeiros graus são positivos, pois de certa forma, protegem e levam a pessoa a focar na nova situação, nos preparando para ela. A partir do nível 4, as sensações físicas começam a aparecer podendo paralisar e bloquear qualquer ação, impulsionando a pessoa a fugir. Esta fuga ocorre muitas vezes também de forma inconsciente, mascarada por doença, ou outro motivo que nos afaste da situação ameaçadora.
O problema é que o inimigo de 2020 não tem rosto, nem dá para fugir dele, pode estar em qualquer lugar, representa um perigo permanente, o que dispara o gatilho da tensão a todo instante. Diante desta situação vem surgindo uma pandemia de medo e estresse, o que poderá gerar a médio e longo prazos transtornos mentais tais como: ansiedade, depressão, síndrome do pânico, entre outros.
Em uma pesquisa que fiz em Abril, sobre sentimentos e pensamentos gerados na pandemia, 80% das pessoas, descreveram o medo como um sentimento muito presente.
O emocional, deriva do que pensamos e das crenças que a pessoa tem, então é muito importante sermos observadores de nossos pensamentos e identificarmos que crenças temos a respeito de nós e do mundo e como agimos frente a tudo isso.
Há um processo dentro de nós que se desencadeia a partir do pensamento:
PENSO SINTO E AJO, sendo preciso que cada um conheça a sua dinâmica de pensar e funcionar no mundo.
Esta situação nos remete ao medo em relação a sobrevivência e as incertezas. Assim, o medo ao mesmo tempo que nos protege (uso de máscara, isolamento social, busca de fortalecimento da imunidade, etc..):
Portanto, é preciso transformar o medo em aprendizagem e as incertezas da situação, na certeza que você pode fazer escolhas e controlar seus pensamentos
Como não deixar o pânico e esses sentimentos de medo dominar nossos pensamentos
E, se sentir necessidade não espere para buscar ajuda profissional.